Jung Laing – Eu prisioneiro de mim
O texto, de Marcio Rodrigues, surgiu a partir de um episódio ocorrido na casa de amigos, onde a mãe, que tem um filho com o Transtorno do Espectro Autista – TEA e um quadro evolutivo para a esquizofrenia, ao deitar-se, tem o cuidado de recolher todos os talheres, facas, garfos, tudo que pudesse se transformar em uma arma letal. A partir desse real episódio, foi criado um lugar fictício chamado Povoado, onde a tradição masculina é levada ao pé da letra, onde a mulher, para fazer qualquer coisa que seja, tem que ter a permissão do marido, inclusive para engravidar.
A montagem oferece várias discussões, como: O machismo presunçoso e mau-caráter, que vem a séculos assassinando mulheres. Até mesmo hoje, com múltiplas entidades sociais de combate ao feminicídio e com as recentes leis aprovadas, como a Lei Maria da Penha, ainda não se consegue inibir a selvageria conduzida pelo machismo. Até onde a saúde mental da mulher suporta ser maltratada? E se ela não recebe apoio nem do núcleo familiar, o que fazer? E os filhos? As perguntas são muitas e as respostas são poucas. É preciso que a sociedade intervenha ainda mais, é necessário que o Estado intervenha e faça valer a lei para que não tenhamos tantos filhos órfãos de mães.
O espetáculo é um flash backer, tendo como cenário um quarto infantil, e ela narra a história de Jung Laing, na infância e adolescência. A personagem ouve vozes e são essas vozes que a levam a relativa consciência de que ela e o filho são as mesmas pessoas.